Na última quinta-feira, 16 de junho, aconteceu o 35º Bloomsday em São Paulo. O evento, que foi realizado na Casa Guilherme de Almeida e Casa das Rosas, contou com uma programação variada, com apresentações musicais, recital de trechos das obras joyciana, palestras, exibição de filme, a história do Bloomsday e lançamento de livros, que contou com as obras da Ateliê Editorial, como a nova edição – volume único – de Finnegans Wake, com tradução de Donaldo Schüler, e, também do autor, os ensaios literários Joyce Era Louco?, sobre a vida e obra do autor irlandês.
No ano do centenário do romance Ulysses, a 35º edição em São Paulo, adotou o tema “Coletivo Joyce” para mostrar a representação polifônica da vida e da humanidade criada por esse escritor cuja obra transcende os limites do indivíduo inserido em seu espaço e em seu tempo, para alcançar o universal e o eterno. A abertura foi realizada pelo poeta e tradutor Marcelo Tápia e teve saudação de Rachel Fitzpatrick, vice-cônsul da Irlanda no Brasil, que destacou a importância de celebrar a obra de James Joyce no Brasil e a troca de cultura entre os países, reconhecendo a paixão dos brasileiros pelos textos do autor irlandês, assim como o desafio, a dificuldade e o valor dos tradutores e as tradutoras às obras joycianas.
Convidado da programação, o artista, tradutor e coordenador da ‘Ulisses a 18 vozes’ – nova tradução do romance por dezoito renomados autores-tradutores – Henrique P. Xavier, que comentou sobre o processo de desenvolvimento do projeto literário e do motivo de convidar diversos nomes para compor a obra, que tem previsão de lançamento em setembro pela Ateliê Editorial. Segundo Xavier: “Imagina se um livro tivesse uma alma? Sendo que uma parte dessa alma é musical, retórica, feminina, shakespeariana, como imaginaríamos esse livro encarnado? A alegria que eu tive foi pensar uma nova edição de Ulisses e ter um Brasil de diferentes almas que encontrassem a sua alma gêmea e contribuíssem para a tradução dos episódios. Cada capítulo é diferente. Os tradutores convidados recriaram os seus próprios estilos e linguagens, a ideia de coletivo de repensar uma tradução”. No final, Henrique P. Xavier e Aurora Bernardini – uma das tradutoras convidadas da obra – realizaram a leitura de fragmentos dos capítulos 1 e 12 de Ulisses a 18 vozes.
O volume tem como convidado os tradutores e as tradutoras e seus respectivos capítulos: Aurora Fornoni Bernardini (Telêmaco); Dirce Waltrick do Amarante (Nestor); Julián Fuks (Proteu); Luisa Geisler (Calipso); Guilherme Gontijo Flores (Os Lotófagos); Carlos de Brito e Mello (Hades); João Adolfo Hansen (Éolo); Alípio Correia de Franca Neto (Os Lestrigões); José Roberto O’Shea (Cila e Caribde); Eclair Antônio Almeida Filho (As Rochas Ondulantes); Willy Corrêa de Oliveira (As Sereias); Henrique Piccinato Xavier (O Ciclope); Antonio Quinet (Nausícaa); Élide Valarini Oliver (Gado do Sol); Donaldo Schüler (Circe); Piero Eyben (Eumeu); Denise Bottmann (Ítaca) e Luci Collin (Penélope).
O Bloomsday 2022 também proporcionou, entre outros, um trecho do monólogo de Molly Bloom, por Bete Coelho, apresentações musicais de Cid Campos e Edvaldo Santana, Leitura de fragmento de Finnegans Wake – por John Milton e Vitor Alevato do Amaral, homenagem ao taberneiro Mário Fuchs, leitura da tradução ao inglês do poema “Enjoycíada”, de Marcelo Tápia, por Rodrigo Bravo, e apresentação de música e dança irlandesas tradicionais, por Tunas Celtic Band e Letícia Pires.
BLOOMSDAY
O Bloomsday é um evento tradicionalmente realizado em diversos países, dedicado à obra do escritor irlandês James Joyce. O Bloomsday paulistano – o mais longevo evento literário da cidade – foi criado por Haroldo de Campos e Munira Mutran em 1988, dando origem a eventos em diversas outras partes do país. James Joyce (1882-1941) nasceu em Dublin e foi polêmico por sua literatura de vanguarda. Em 1922, ganha notoriedade mundial por Ulisses, considerado desde então um novo paradigma para o romance.