Antígona integra a série Tragédias Completas de Sófocles em edição bilíngue com tradução de Jaa Torrano na Coleção Clássicos Comentados pela Ateliê Editorial associada à Editora Mnema. Acompanham texto grego e tradução, os ensaios de Jaa Torrano e de Beatriz de Paoli bem como um glossário mitológico, aparatos úteis à melhor compreensão da poesia trágica de Sófocles. Além de Antígona, já foram publicados Ájax, Édipo Rei e As Traquínias (acesse aqui).
Como parte da edição de Antígona, o texto Antígona entre Amor e Erronia, escrito por Jaa Torrano, apresenta uma análise sobre a aclamada peça de Sófocles. Segundo o tradutor: “Há duas noções próprias do pensamento mítico grego que são estruturais na tragédia Antígona de Sófocles: a de participação, que integra a realidade dos mortais à dos Deuses, entendidos como aspectos fundamentais do mundo, e a de Justiça, que se manifesta no curso dos acontecimentos, entendida em correlação com a de Moîra, “Parte”, no sentido da participação de cada um dos mortais em ser e em haver de modo a ser o que for e a haver o que houver”.
O professor acrescentou: “Na perspectiva do pensamento mítico grego, o homem não se entende como uma pessoa autônoma, mas sempre se vê integrado em sua relação com algum Deus em cujo âmbito se encontra e em cuja interlocução e interação se completa. Assim, o que sucede ao homem depende tanto de sua decisão quanto da determinação do Deus que preside seu destino. Por outro lado, a Justiça se manifesta no curso dos acontecimentos como a realização dos desígnios de Zeus, consubstanciada assim no que cabe a cada um dos mortais como o quinhão de sua participação em ser, em ter e na ordem do mundo. Dada a concomitância e convergência de causas múltiplas e diversas, a espontaneidade e liberdade do homem coincidem tanto com as determinações dos Deuses quanto com os desígnios de Zeus”.