A Ateliê Editorial e Cepe Editora publicam, em dois volumes, ‘Crítica Reunida sobre Literatura Brasileira e Inéditos em Livros’, de José Paulo Paes. A coletânea foi organizada por Fernando Paixão, poeta e professor de literatura no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, e Yeda Lebensztayn, crítica literária, pesquisadora e ensaísta. O lançamento dos volumes está previsto para este semestre.
Poeta, crítico literário, tradutor e editor, José Paulo Paes foi um intelectual de primeira linha no Brasil do século XX. Sua formação começou pelos estudos de química, mas logo se voltou para o campo das letras, em que se tornou autodidata e criador incansável. Felizmente, teve reconhecimento em vida pelo seu trabalho e até se tornou figura pública. Faleceu em 1988.
Estes dois volumes reúnem toda a produção crítica de Paes em torno a temas e escritores da literatura brasileira, publicada por ele em diversos livros ao longo de mais de quatro décadas. Complementa ainda uma seção de inéditos em livro, compilados do seu arquivo pessoal e de hemerotecas.
A reunião deste conjunto é importante porque revela em sua inteireza um pensador livre, maduro e distante dos liames acadêmicos. Interessado por temas e escritores diversos – de gregos a baianos, como costumava dizer –, suas análises contemplam a urdidura do texto em correlação estreita com o contexto e a biografia do autor. Páginas de um crítico refinado e original.
TEXTOS DOS ORGANIZADORES
FERNANDO PAIXÃO: “Aliadas às outras qualidades do poeta-crítico, temos agora a oportunidade de observar com amplitude a excelência da sua reflexão sobre a literatura brasileira. Deparamos então com uma visão muito bem informada e formada, sem se fechar num gosto determinado e exclusivista. […] Se de um lado, valoriza a erudição e revisita autores da tradição, de outro sabe reconhecer a singularidade de escritores que fogem ao mainstream e se arriscam na busca de uma linguagem própria.”
IEDA LEBENSZTAYN: “Paes apreende os dilemas da arte social de Drummond: ao passar o real pelo crivo de sua subjetividade, o poeta o torna abstrato, sobressaindo uma metafísica angustiada, que se contrapõe à limitação do mundo objetivo […]. Destaque-se a análise da ‘forma humorística’ drummondiana, voltada contra a realidade capitalista ou contra o próprio comportamento pessoal.”