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Jaa Torrano sobre a tradução de ‘Electra’: “Cada verso é traduzido como uma unidade de ritmo, de medida e de sentido, de modo a levar o leitor a ter assento no Teatro de Dioniso e contemplar o espetáculo trágico como os gregos contemporâneos de Sófocles o viram”

“Esta é a única tradução metódica e sistemática das tragédias de Sófocles em português, que tem por objetivo mostrar a unidade da visão de mundo trágica presente tanto no conjunto das tragédias que nos chegaram completas quanto em cada uma delas. Este propósito inspirou o tradutor a reconstituir em português todos os dramas de Sófocles bem como todos os de Ésquilo e Eurípides”, apontou o professor e tradutor Jaa Torrano sobre a obra Electra, quinto volume da Coleção Tragédias de Sófocles, publicado pela Ateliê Editorial em coedição com a Editora Mnema.

O livro está em seus últimos dias de pré-venda, com promoção, no site da editora (De: R$99,00 – Por: R$59,40). “O recorte de cada verso traduzido reproduz a análise da realidade operada pelo texto original de modo a apresentar ao leitor as falas e os fatos tal qual foram apresentados ao espectador na primeira encenação da tragédia. Esta tradução, pois, tem por objetivo restaurar a visão de mundo própria da tragédia e assim tornar o leitor tão contemporâneo dos Deuses e dos heróis quanto o coro da tragédia se supunha ser”, detalhou o tradutor.

Segundo Torrano sobre o texto do dramaturgo grego: “Cada verso é traduzido como uma unidade de ritmo, de medida e de sentido, de modo a levar o leitor a ter assento no Teatro de Dioniso e contemplar o espetáculo trágico como os gregos contemporâneos de Sófocles o viram”. O exemplar, agora apresentada em edição bilíngue, acompanha ensaios analíticos e interpretativos, bem como um glossário mitológico, elaborados pelo tradutor e pela professora Beatriz de Paoli, em que mostra como as diversas práticas divinatórias integram a poética de Sófocles e assim a visão de mundo deste autor trágico.

“Esta tradução de Electra não só nos mostra o esplendor da arte poética e dramática de Sófocles, mas também nos dá condições de compreender por que esta tragédia de Sófocles permaneceu na Literatura Ocidental como o paradigma literário que inspirou tantos poetas e dramaturgos ao longo da História”, finalizou Jaa Torrano.

Capa do livro ‘Electra’, de Sófocles

Sófocles (Atenas, 496 a.C. – Atenas, 406 a.C.) é considerado um dos grandes representantes do teatro grego antigo e presenciou o período de maior desenvolvimento cultural de Atenas. Viveu sempre nesta cidade-estado e lá morreu, nonagenário, por volta de 406/405 a.C. É o segundo dos três poetas trágicos canônicos, pois suas obras são posteriores às de Ésquilo e anteriores às de Eurípedes. Foi ainda em vida o mais bem-sucedido autor de tragédias do século V a.C. e os testemunhos antigos atribuem ao autor cerca de 120 tragédias e dramas satíricos, dos quais somente sete tragédias chegaram até nós na íntegra.

José Antonio Alves Torrano (Jaa Torrano) fez a graduação (1971-74) em Letras Clássicas (Português Latim e Grego) na Universidade de São Paulo, onde começou a lecionar Língua e Literatura Grega como auxiliar de ensino na Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas em 1975. No Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade São Paulo defendeu o mestrado em 1980 com a dissertação “O Mundo como Função de Musas”, o doutorado em 1987 com a tese “O Sentido de Zeus: o Mito do Mundo e o Modo Mítico de Ser no Mundo”, a livre-docência em 2001 com a tese “A Dialética Trágica na Oresteia de Ésquilo” e desde 2006 é professor titular de língua e  literatura grega. Em 2000 foi professor visitante na Universidade de Aveiro (PT). Como bolsista pesquisador do CNPq traduziu e estudou todas as tragédias supérstites de Ésquilo, Sófocles e Eurípides. Publicou os livros: 1) de poesia: A Esfera e os Dias (Annablume, 2009), Divino Gibi: Crítica da Razão Sapiencial (Annablume, 2017); 2) de ensaios: O Sentido de Zeus: o Mito do Mundo e o Modo Mítico de Ser no Mundo (Roswitha Kempf, 1988/ Iluminuras, 1996), O Pensamento Mítico no Horizonte de Platão (Annablume, 2013), Mitos e Imagens Míticas (Córrego, 2019); e 3) de estudos e traduções: [Hesíodo] Teogonia a Origem dos Deuses (Roswitha Kempf, 1980/Iluminuras, 1991), [Ésquilo] Prometeu Prisioneiro (Roswitha Kempf, 1985), [Eurípides] Medeia (Hucitec, 1991), [Eurípides] Bacas (Hucitec, 1995), [Ésquilo] Oresteia: I Agamêmnon, II Coéforas, III Eumênides (Iluminuras, 2004), [Ésquilo] Tragédias: Os Persas, Os Sete contra Tebas, As Suplicantes, Prometeu Cadeeiro (Iluminuras, 2009), [Eurípides] Teatro Completo (e-book, 3 vols. Iluminuras, 2015, 2016, 2018), [Platão] (com Irley Franco) O Banquete (PUC-Rio/Loyola, 2021), [Sófocles] Tragédias Completas: I Ájax, II As Traquínias (Ateliê, 2022). Além disso, publicou estudos sobre literatura grega clássica em livros e periódicos especializados. A publicar: Solidão Só Há de Sófocles (poemas) pela Ateliê Editorial.

Beatriz de Paoli possui graduação em Letras pela Universidade de Brasília (2000), mestrado em Teoria Literária também pela Universidade de Brasília (2004) e Doutorado em Letras Clássicas pela Universidade de São Paulo (2015). É Professora Adjunta de Língua e Literatura Grega na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi Secretária Geral da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC) durante o biênio 2018-2019. Atualmente é editora associada da Archai – Revista de Estudos sobre as Origens do Pensamento Ocidental (Cátedra Unesco Archai-UnB) e do Podcast Archai (Cátedra Unesco Archai-UnB). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literaturas Clássicas, pesquisando principalmente os seguintes temas: adivinhação, sonhos e tragédia grega.

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