Com a Palavra

Com a Palavra n.8: a mitologia da mineiridade

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Ateliê Editorial relança a obra Mitologia da Mineiridade – O Imaginário Mineiro na Vida Política e Cultural do Brasil, de Maria Arminda do Nascimento Arruda. Socióloga e vice-reitora da Universidade de São Paulo (USP), a autora revisou a obra e preparou um novo prefácio à segunda edição, trinta e quatro anos após a primeira publicação.

A obra se divide em cinco capítulos: “As Fontes do Mito”, “A Construção Mítica”, “O Enleio do Imaginário”, “Imaginário e Sociedade” e “Cultura e Política”, e segue como uma rica contribuição para o debate sobre nossa identidade nacional, partindo da ideia de ”mineiridade” como sinônimo de ”conciliação” na política. Nas palavras da autora: “As ações tecidas no passado reverberaram, pois, nos atos do presente, abrindo espaço para o nascimento da memória de Minas”.

Os leitores do Com a Palavra recebem agora com exclusividade um trecho do primeiro capítulo do livro:

capítulo 1

Sensibilidade Romântica

Postula-se a separação entre o individual – manifesto na imaginação – e o mundo exterior, para depois buscar um ajustamento entre ambos. Assim, é possível entrever-se a emergência do geist, tão caro aos românticos, que é noção importante para se pensar os problemas de identidade. Daí identidade e nacionalismo serem concepções que caminharam pari passuA nacionalidade transforma-se em repositório da identidade e pode ofertar aos homens a possibilidade de exprimirem-se de maneira genuína. No Brasil, o movimento romântico perseguiu os princípios da constituição da nacionalidade que, para certos autores, “era a celebração da pátria, para outros o indianismo, para outros, enfim, algo indefinível mas que nos exprimisse”.

Os impulsos expressivos encontram no mundo externo a matéria-prima a partir da qual podem elaborar manifestações mais individualizadas; por conseguinte, ele é também o escoadouro das emoções grandiosas. A realidade visível modela a imaginação e é por ela conformada. A vida humana é concebida, na sua essencialidade, como uma rede na qual vibram, vigorosamente, os influxos internos.

“O mundo representa para o romântico uma infinidade de ocasiões para experiências”. A incessante busca de traços enriquecedores da existência adquire feições diferentes e aparece, numa das faces, sob o constante apelo à natureza. A inquietação da procura do caminho da autoexpressão faz dos românticos homens seduzidos pelo exótico. Não casualmente, o romantismo recuperou o encanto das memórias e deixou-se enlear pelo chamamento das terras distantes. No processo, a América constituiu-se num dos polos de atração.

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