50 ANOS DA REVOLUÇÃO DOS CRAVOS
Cinco décadas após o levante que mudou os rumos da história de Portugal, a Ateliê Editorial publica a segunda edição — revista e ampliada — da obra A Revolução dos Cravos: Economias, Espaços e Tomadas de Consciência (1961-1975), de Lincoln Secco.
O professor e historiador desenvolve sua pesquisa explicando as motivações que levaram à queda do poder salazarista, apontando a crise política e social que desencadeou a Revolução de 25 de abril de 1974.
Os leitores do Com a Palavra puderam ler com exclusividade a Nota à Segunda Edição, escrita pelo autor e presente na obra.
Nota À Segunda Edição
Esta segunda edição oferece alguns acréscimos e correções, mas a tese original é a mesma. Na medida do possível, fiz referência a novas obras sobre a Revolução dos Cravos. Mas não discuto aqui a novel bibliografia, desajudado que estou do ímpeto das primeiras descobertas. Significaria escrever um novo livro. Deixo este que aí está como parte da própria história que ele visava narrar. Decerto, o autor não é mais o mesmo daquele que fez a pesquisa original. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
No entanto, a tese se mantém.
A Revolução é uma lenta alteração nas relações sociais assinalada por uma repentina mudança na correlação de forças no Estado. Assim, o período revolucionário não é apenas a cronologia de abril de 1974 a novembro de 1975. Ele é a síntese de uma diversidade de tempos e ritmos orientados por uma tendência que eu busquei apanhar desde o século XIX.
Para o historiador, a cronologia é a delimitação visível de um período, é a sua expressão acontecimental. O período é a síntese de uma diversidade de tempos e ritmos orientados por uma tendência à qual o historiador confere um sentido. A cronologia é empírica, o período é concreto. Este já é um resultado do pensamento. Mas uma vez definido, é o nosso verdadeiro ponto de partida da exposição.
Nos últimos dois séculos, quando Portugal perdeu sua colônia americana e tentou recriá-la no continente africano, as elites portuguesas hesitaram entre a “volta” à Europa e a “missão imperial”. Na crise de seu império colonial vivenciaram a conjuntura da luta anticolonial. E em 1974 alguns sonharam completar uma Revolução que se interrompia. Não podiam ter consciência da dialética daqueles vários tempos históricos. Derrotados pela longa duração, cederam lugar aos profissionais.
Charles Péguy costumava dizer que tudo começa na mística e termina na política. Pluralismo socialista e solidariedade atlântica foram a sua poesia. Ela terminou, porém, na política europeia. Terminou?
últimas palavras
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