Resenha de Marx, Zola e a prosa realista
Autora: Salete de Almeida Cara
por Edvaldo A. Bergamo | Revista UFG
O próprio título do novo livro de Salete de Almeida Cara chama a atenção de imediato. Por que Marx e Zola aparecem juntos numa obra que pretende analisar a prosa realista? Para a estudiosa, ambos são referências obrigatórias quando se têm em mira os acontecimentos históricos do século XIX que não apenas são a matéria viva da narrativa romanesca do período, como também fatores decisivos para a compreensão crítica do gênero, entendido tal qual a maior expressão artística de um tempo marcado pelo avanço desenfreado do capitalismo industrial e finan-ceiro e pelo aprofundamento dos modos de exploração das classes trabalhadoras.
O ensaio da referida pesquisadora almeja não só a compreensão dos acertos e descompassos da obra de Zola, bem como apresentar uma refinada reflexão crítico-teórica sobre os desafios da prosa realista num momento histórico em que o romance é a forma privilegiada de representação de conflitos econômicos, ainda significativos pelos seus desdobramentos em nossa época, é preciso assinalar. E a obra do precursor do naturalismo é um terreno fértil para especular sobre as potencialidades e os limites do gênero no enfrentamento de problemas sociais que ocupavam cada vez mais espaço nos compêndios científicos, na imprensa e na vida cotidiana.