Nesta quarta-feira, 15 de setembro, às 20h, no canal do Youtube da Ateliê Editorial, acontecerá a live de lançamento da obra História de um Livro: A Democracia na França, de François Guizot (1848-1849), da premiada escritora e historiadora Marisa Midori Deaecto. Além da presença da autora, o bate-papo virtual contará com a participação de Plinio Martins Filho, Carlos Guilherme Mota e Eugênio Bucci.
Em uma entrevista ao blog da Ateliê, a autora comentou sobre a importância da obra de Guizot para a mudança de panorama no mercado editorial: “Na verdade, mudança mais radical se deu no plano político, quando a Revolução de 1848 colocou a classe trabalhadora no poder. Os jornais tiveram que mudar, mas a edição de livros não. O que ocorre é que, com a crise no período revolucionário, as editoras encolhem, ou passam a publicar panfletos políticos”. Ela acrescentou: “A Garnier publicou muitos panfletos neste período. La vérité dévoilée aux ouvriers [A verdade revelada aos operários], publicada pela Garnier, em Paris, teve uma tiragem de 500 mil exemplares. O “caso” Guizot, que não foi o único, revela, portanto, a capacidade de um político conservador se reinventar no sentido de aderir a este gênero panfletário e de propaganda política e, ao mesmo tempo, de contar com uma rede transnacional de apoio que amplifica a difusão de seu escrito, em traduções ou mesmo em francês”. E concluiu: “Não é a história do livro que divide as águas, mas a abordagem histórica, ou seja, a possibilidade de fazer da bibliografia do livro, noutros termos, a discussão dos caminhos pelos quais o campo conservador construiu um best-seller político é que constitui um exercício novo. E instigante! Pelo menos no Brasil.
Foram diversas edições impressas desde o lançamento da obra De la Démocratie em France, sem contar as contrafações, reimpressões e reedições. A obra de Guizot foi essencial até hoje para os estudos das editoras de livros e da área de tradução? Marisa Midori respondeu: “Do ponto de vista da construção editorial, é possível ler a História de um Livro como um estudo de caso. É claro que a figura de Guizot e sua obra não se reduz a isto, mas a fortuna editorial deste libelo político nos permite alguns diálogos interessantes: com a história ou teoria literária, quando perguntamos em que medida o leitor a crítica concorrem para a construção de um escrito; com os estudos de editoração, ou história editorial, pois a trajetória deste mostra que o editor, propriamente, teve um papel secundário, ou, pelo menos contratual, em certo sentido”. A professora e pesquisadora apontou: “No entanto, é Victor Masson quem dá forma para o escrito e o coloca em um circuito diferenciado, em relação à literatura panfletária, tal como ela circulava em Paris, mas também noutras cidades europeias – isso do ponto de vista material. Estamos tratando de uma série de elementos que concorrem para a construção dos sentidos, tanto no que toca ao gênero editorial, ou seja, panfleto político; mas também no que concerne à materialidade da brochura; e, sobretudo, na capacidade do autor e da crítica de sensibilizar seus possíveis leitores sobre a importância do de debater os temas Democracia e Sufrágio Universal“.
E como explicar um tal sucesso? A autora argumentou: “Se você me pergunta em que medida a leitura de História de um Livro nos ajuda a compreender a construção de um best-seller político na atualidade, eu digo que há uma série de elementos. Por exemplo, o recurso das mídias, o debate público, a formação de um grupo mais ou menos coerente pronto a defender o livro, o capital simbólico do autor, ou mesmo do editor – que nos habilitam a discutir a questão” E concluiu: “É preciso pensar, outrossim, que os best-sellers muitas vezes têm vida curta. Eles cumprem o seu papel em uma determinada conjuntura e, depois, tornam-se peças de sebos. Em certo sentido, foi isso o que aconteceu com o Guizot. Salvo no caso brasileiro: a edição em português destinada ao mercado nacional é raríssima. Eu encontrei apenas dois exemplares: um na Faculdade de Direito de São Paulo; outra na Biblioteca Nacional de Paris”.
A Autora
Marisa Midori Deaecto – Professora Livre-Docente em História do Livro no Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP). Formou-se em História e doutorou-se em História Econômica na Fac. de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP), onde orienta pesquisas pelo Programa de Pós-Graduação (PPGHE-USP). Lecionou como professora convidada em diversas instituições estrangeiras, dentre as quais, a École nationale des Chartes, a École normale supérieur e a École Pratique des Hautes Études, em Paris. Recebeu, em 2017, o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Eszterházy Károly, Eger (Hungria), por suas contribuições à difusão da história dos livros e das bibliotecas em uma perspectiva transnacional. Império dos Livros – Instituições e Práticas de Leituras na São Paulo Oitocentista (Edusp/Fapesp, 2011), reeditado em 2019, recebeu o prêmio Jabuti da CBL (1o lugar em Comunicação) e o Prêmio Sérgio Buarque de Holanda, outorgado pela Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro na categoria melhor ensaio social.
Live de lançamento de História de um Livro: A Democracia na França, de François Guizot (1848-1849), de Marisa Midori Deaecto
Onde: canal do Youtube da Ateliê Editorial
Quando: 15 de setembro
Horário: 20h
Presenças: Marisa Midori Deaecto, Plinio Martins Filho, Carlos Guilherme Mota e Eugênio Bucci.
A obra está à venda, com desconto de lançamento de 50%, no site da Ateliê Editorial.
Mais informações: Assessoria.imprensa@atelie.com.br