Por: Paulo Cesar da Motta Ribeiro*
Início de ano letivo. Hora de usar a criatividade para (re)inventar maneiras de lecionar conteúdos e de pensar como superar velhos obstáculos, que se renovam a cada turma de alunos. Um deles diz respeito a como incentivar os alunos à leitura, sem fazer disso uma obrigação maçante e despertando interesse real pelo mundo de possibilidades que ela pode descortinar. E não é apenas no Ensino Fundamental e Médio que esse hábito pode (e deve) ser incentivado. O Professor Paulo Cesar da Motta Ribeiro, que leciona na FURB (Universidade Regional de Blumenau) e na UNIFEBE (Centro Universitário de Brusque), em Santa Catarina, explica como tem feito para trazer a leitura para mais perto de seus alunos. Ele é economista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pós-graduado em Desenvolvimento Econômico pela mesma instituição. Empresário, autodefine-se como “audiófilo, bibliófilo, cinéfilo e amante do que a vida tem de melhor”. Por isso, é grande seu empenho em trazer seus alunos cada vez mais perto dos livros. A seguir, ele compartilha sua experiência com os leitores do Blog da Ateliê:
Minha condição de amante da literatura pode ser em parte explicada pelo fato de que na formação e na atuação como Economista a leitura é primordial, não apenas de livros-texto como de obras em geral para melhorar a base de conhecimentos. A utilização de filmes e documentários também auxilia na formação acadêmica e profissional. Em sala de aula eu sempre pergunto a cada aluno qual livro ele tem em mãos e, naquele momento, converso com o aluno e seus colegas sobre literatura. Como, nessas abordagens informais, ocorriam cada vez mais e mais conversas sobre livros, surgiu a ideia de fazer uma pesquisa sobre as leituras recentes dos alunos. É fácil, basta pedir para que anotem no cabeçalho da primeira prova qual sua leitura atual ou mais recente.
Eu coleto todos os títulos e autores citados, pesquiso para garantir que estejam corretos, informo também minhas leituras e repasso a lista completa para toda a turma.
Os resultados são ótimos. O nível de leitura é mais alto do que a maioria pode imaginar, sendo que alguns leem em outros idiomas. Eu descobri obras magníficas a partir desta pesquisa e já li alguns títulos das listas dos alunos.
Segue um resumo das turmas de 2015:
244 alunos com 191 respostas, sendo que aproximadamente 20% informaram dois ou mais livros.
A faixa etária é a dos estudantes do ensino superior, notadamente das graduações em Engenharia (minha principal disciplina é Engenharia Econômica).
No rodapé das provas eu sempre indico alguns livros e filmes para que eles entendam que a realidade não é exatamente aquela que eles percebem. Alguns ainda se iludem, idealizam, mitificam e se deixam levar por influências que pouco têm de honestas e, atualmente, democráticas.
Há anos o “trio de ferro” de minhas indicações é:
Fahrenheit 451, Ray Bradbury
1984, George Orwell
Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley
Eu explico a eles o que são obras distópicas e como elas podem nos ajudar a entender o mundo e como melhorá-lo. Segue parte do texto que eu coloco no rodapé das provas:
‘Fahrenheit 451′ de Ray Bradbury. O livro foi publicado em 1953 e fatos descritos na obra fazem parte de nosso dia a dia (na obra consta inclusive a explicação do motivo pelo qual acontecem). Além disso, o seu entendimento sobre o papel da cultura e da informação será irremediavelmente transformado. Também existe uma película de François Truffaut.’
Outra sugestão que eu faço é: O homem medíocre, de José Ingenieros.
Em virtude da minha base de conhecimentos não se limitar aos livros-texto, eu sempre utilizo nas aulas conteúdos que no princípio parecem que não se relacionam, ou até que são uma viagem, mas que facilitam a aprendizagem. Meus alunos estão acostumados a receberem sugestões de filmes e documentários para melhor entender os conteúdos ministrados.
Eu sempre informo na primeira aula em todas as turmas que o meu objetivo principal é o desenvolvimento pessoal e profissional deles. Que o meu papel é o de ser aquele que abre as mentes para que eles melhor se posicionem na vida com bases sólidas, portanto verdadeiras. E a literatura permite que eles melhor se preparem para assimilarem muito do que o mundo pode proporcionar.
E você, leitor-professor, tem alguma sugestão ou dica de como estimular a prática da leitura junto aos alunos? Mande uma mensagem para a gente, compartilhe seus conhecimentos!