A Ateliê Editorial junto com a Edições Sesc estão lançando cinco obras da Coleção Bibliofilia: Bibliofilia e Exílio, de Mikhail Ossorguin, A Vida Notável e Instrutiva do Mestre Tinius, de Johann Georg Tinius, Os Admiradores Desconhecidos de “La Nouvelle Héloise”, de Daniel Mornet, As Paisagens da Escrita e do Livro, de Frédéric Barbier, e As Bibliotecas Particulares do Imperador Napoleão, de Antoine Guillois. Os textos foram traduzidos pela primeira vez no país, as capas são artesanais, coladas uma por uma com serigrafia inédita e confeccionadas pela Casa Rex (Gustavo Piqueira e Samia Jacintho).
Em As Paisagens da Escrita e do Livro, de Frédéric Barbier, o leitor é convidado a empreender uma longa viagem através da Europa, da planície de Peste à Península Ibérica; das cidades alemãs do Norte à costa do Mediterrâneo, na Península Itálica e na Grécia. Se os livros são um produto da humanidade, nada mais natural do que perscrutar as rotas, os rios, os mares, as montanhas e as imbricações que possibilitaram séculos de comunicações e contatos entre os povos. Sem dúvida, uma narrativa que se apresenta como um modelo notável de geohistória do livro. A obra é Ilustrada e tem a tradução de Elisa Nazarian.
Frédéric Barbier, historiador dos livros e das bibliotecas. Autor de uma obra vastíssima, iniciou suas pesquisas com uma tese dedicada à história da editora Berger-Levrault, um verdadeiro império iniciado em Strasbourg, no século 17. Em sua tese de doutoramento, propôs uma análise comparativa da constituição do mercado editorial na Alemanha e na França no século 19. A pesquisa resultou em dois grossos volumes de um estudo inédito e marcado pela erudição. A partir daí, seus temas foram vastos, tanto quanto seus interesses pelo mundo e, particularmente, pelos livros e bibliotecas da Europa Central no Antigo Regime. Barbier analisou a invenção dos tipos móveis, observando a economia do livro nos séculos que antecedem à nova descoberta e nos seus efeitos imediatos após a invenção. Como observa muito a Profa. Marisa Midori: “Seu conhecimento profundo da Europa e dos caminhos da Europa, somado ao seu espírito de camaradagem, me fazem pensar que Frédéric Barbier bem desempenhava o papel de um Erasmo de Roterdã, esse viajante erudito, amante dos livros e das bibliotecas, que palmilhou e conheceu em profundidade a sua velha Europa”. Frédéric Barbier faleceu em 28 de abril de 2023, aos 72 anos de idade.