Os dias são longos.
Como flores abertas,
Suportam a desatenção.
O sangue negro da madrugada
Empapa as paredes, desce
Sobre o rosto horizontal.
Barulho de asas.
Ave noturna sobre a presa.
Roçar das patas, aranhas,
Cães distantes, gatos, galos.
O corpo empurra
As mesmas palavras.
Elas vão e voltam,
Até que tudo afunde
No aquoso buraco vigilante das pupilas,
Na hora sombria
Da noite que termina.
.
Paulo Franchetti
do livro Memória Futura
.
Esta semana os livros de poesia estão com 30% de desconto. Acesse aqui
.