Obras Poéticas de Alvarenga Peixoto
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A crítica textual, tal como ensinada e praticada no Brasil, sempre se propôs como finalidade a reconstituição de um suposto original, chamado por Segismundo Spina “texto genuíno”, que representaria a etapa final de composição da obra, quando já não é mais objeto de reescritura por parte de seu autor. O texto “genuíno” é um ideal filológico pensado como possível para todos os lugares e tempos e desconsidera a historicidade de várias poéticas, reduzindo-as a uma unidade sob égide romântica: nada se fala, nos manuais de crítica textual que tratam da “genuinidade”, das poéticas da voz, da performance e da recomposição pela escritura de textos que estão sempre in fieri, em estado de instabilidade. Mesmo estudos que objetivam considerar o caráter precário e movente de textos poéticos, como o de Rupert T. Pickens, que nos legou a magistral pesquisa sobre Jaufre Rudel, muita vez se deixam iludir pela ideia de “genuinidade” e acabam por impor a distintos estados textuais uma suposta hierarquia que toma como ponto referencial uma maior proximidade frente à última vontade autoral. Não assim a edição feita por Caio Cesar Esteves de Souza das poesias de Alvarenga Peixoto, em que uma reflexão crítica madura produz uma edição em que o descentramento, pela ruptura com a ideia romântica de autoria, se evidencia na prática de seleção e disposição dos poemas no interior da recolha. Caio Cesar Esteves de Souza recusa-se reconstituir os poemas de Alvarenga Peixoto a partir de uma collatio codicum que lhe permitiria alçar-se ao suposto original ou arquétipo da tradição, apresentando-nos por conta dessa negação um poeta e uma poesia mais pujantes e múltiplos. [Marcello Moreira]
Prefácio: João Adolfo Hansen
Apresentação: Kenneth Maxwell
Apoio: Harvard University – David Rockefeller Center for Latin American Studies
Descrição
APRESENTAÇÃO – Kenneth Maxwell
Prefácio: UMA POESIA ÁRCADE DITA “MENOR”: INÁCIO JOSÉ DE ALVARENGA PEIXOTO E A POESIA LUSO-BRASILEIRA DOS SÉCULOS XVII E XVIII – João Adolfo Hansen
OBRAS POÉTICAS DE ALVARENGA PEIXOTO
LER E PRODUZIR ALVARENGA PEIXOTO NO SÉCULO XXI
Percurso
Disposição
Obra e Estilo Autoral
Original, Poema, Texto, Escritos, Inéditos
Corpus e Critérios
Parte I. FONTES PRIMÁRIAS MANUSCRITAS
1. FLORES DO PARNASO OU COLEÇÃO DE OBRAS POÉTICAS DE DIFERENTES AUTORES JUNTAS PELO CUIDADO DE I… N… T… M…
Galeria de Almeno
Retrato 1. de Armânia
Retrato 2. de Anarda
Retrato 3. de Josina
Retrato 4. de Filis
Retrato 5. de Nise
Retrato 6. de Filena
2. AUTOS DA DEVASSA DA INCONFIDÊNCIA MINEIRA
Ode Incompleta Autógrafa, Usada como Prova de Acusação Contra Alvarenga Peixoto: Segue dos teus Maiores
Soneto: A Paz, a doce Mãe das alegrias
3. MANUSCRITO 26, 4, 92
Sonho Poético
Ode: Invisíveis Vapores
4. COLEÇÃO DE SONETOS SÉRIOS, QUE SE NÃO ACHAM IMPRESSOS, EXTRAÍDOS DOS MANUSCRITOS ANTIGOS E MODERNOS
Por mais que os alvos cornos curve a Lua
De açucenas, e rosas misturadas
Chegai, Ninfas, chegai, chegai Pastores
Nem fizera a Discórdia o desatino
Oh Pai da Pátria, imitador d’Augusto
Passa-se uma hora, e passa-se outra hora
Depois que dos seus Cães, e Caçadores
Ao mundo esconde o Sol seus resplandores
5. POESIAS DE VÁRIOS AUTORES COLIGIDAS POR AMADEO GUIMENIO
Não me aflige do potro a viva quina
A paz, a doce Mais das alegrias
Eu não lastimo o próximo perigo
6. MANUSCRITO 49-III-54 N. 54
Soneto: Eu vi a linda Estela e namorado
7. MANUSCRITO 2814
Soneto: Eu vi a linda Jônia enamorado
8. MANUSCRITO 1521
Oh Pai da Pátria imitador d’Augusto
9. MANUSCRITO 1152
Ode: Invisíveis vapores
10. COLEÇÃO DE VÁRIAS OBRAS POÉTICAS DEDICADAS ÀS PESSOAS DE BOM GOSTO POR HENRIQUE DE BREDERODE
Sonho Poético
Ode do mesmo autor: Invisíveis vapores
Ao Marquês de Pombal
Por mais que os alvos cornos curve a Lua
Chia de dia pela rua o carro
A Paz, a doce Mãe das alegrias
Soneto feito depois da prisão: Eu não lastimo o próximo perigo
Não me aflige do potro a viva quina
11. MANUSCRITO 1189
Ode aos Trabalhos de Hércules
Parte II. FONTES PRIMÁRIAS IMPRESSAS
1. SONETO PUBLICADO AO FIM DA PRIMEIRA EDIÇÃO DE O URAGUAI, DE BASÍLIO DA GAMA
Soneto ao Autor: Entro pelo Uraguai: vejo a cultura
2. SONETO PUBLICADO EM FOLHA AVULSA, COMPILADO EM CÓDICE
Na Inauguração da Estátua Equestre Consagrada à Memória d’El Rei Nosso Senhor no Faustíssimo Dia 6 de Junho de 1775: América sujeita, Ásia vencida
3. MISCELÂNEA CURIOSA, E PROVEITOSA, OU COMPILAÇÃO, TIRADA DAS MELHORES OBRAS DAS NAÇÕES ESTRANGEIRAS; TRADUZIDAS, E ORDENADAS POR ***C.I.
Retrato: Marília bela
4. ALMANAK DAS MUSAS, NOVA COLEÇÃO DE POESIAS. OFERECIDA AO GÊNIO PORTUGUÊS
Oitavas Feitas em Obséquio do Nascimento do Ilustríssimo Senhor D. José Tomás de Menezes, filho do Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor D. Rodrigo José de Menezes, Governando a Capitania de Minas Gerais
5. JORNAL POÉTICO, OU COLEÇÃO DAS MELHORES COMPOSIÇÕES, EM TODO O GÊNERO DOS MAIS INSIGNES POETAS PORTUGUESES, TANTO IMPRESSAS, COMO INÉDITAS, OFERECIDAS AOS AMANTES DA NAÇÃO
Ao Nascimento de D. José Tomás de Menezes, filho de D. Rodrigo José de Menezes, Governador de Minas Gerais – Oitavas
6. O PATRIOTA, JORNAL LITERÁRIO, POLÍTICO, MERCANTIL, ETC. DO RIO DE JANEIRO
Soneto: Por mais que os alvos cornos curve a Lua
7. PARNASO BRASILEIRO OU COLLECÇÃO DAS MELHORES POEZIAS DOS POETAS DO BRASIL, TANTO INEDITAS, COMO JA IMPRESSAS
Sonho: Oh que sonho! oh que sonho eu tive nesta
Ode: À Rainha D. Maria I pelo mesmo Autor, servindo de continuação ao Sonho: Invisíveis vapores
Ode pelo mesmo Autor: A Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal
Canto Épico pelo mesmo Autor: batizando-se em Minas o Filho do Excelentíssimo Senhor D. Rodrigo José de Menezes. Bárbaros filhos destas brenhas duras
Soneto: Nas asas do valor em Ácio vinha
Soneto ao Marquês de Lavradio: Se armada a Macedônia ao indo assoma
Soneto: A mão, que aterra de Nemeu a garra
Soneto: Por mais que os alvos cornos curve a Lua
Soneto nas Exéquias de El Rei D. José: Do claro Tejo à escura foz do Nilo
Soneto ao Marquês de Lavradio: Honradas sombras dos maiores nossos
Soneto aos anos de D. Joana: Nem fizera a discórdia o desatino
Retrato: A Minha Anarda
Soneto: Eu vi a linda Estela, e namorado
Soneto: Não cedas, coração; pois nesta empresa
Soneto à Rainha D. Maria I: Expõe Tereza acerbas mágoas cruas
Soneto à mesma: A Paz, a doce Mãe das alegrias
Conselhos de Alvarenga Peixoto, a Seus Filhos
Soneto por Alvarenga Peixoto, no dia em que sua filha completava 7 anos: Amada filha, é já chegado o dia
8. MISCELÂNEA POÉTICA OU COLEÇÃO DE POESIAS DIVERSAS DE AUTORES ESCOLHIDOS
Soneto: Eu não lastimo o próximo perigo
De Inácio José de Alvarenga, Estando Preso, à Sua Mulher: Bárbara bela
9. OBRAS POÉTICAS DE INÁCIO JOSÉ DE ALVARENGA PEIXOTO EDITADAS POR JOAQUIM NORBERTO DE SOUZA E SILVA
À Morte do Mesmo Marquês [do Lavradio]
A Luís de Vasconcelos e Souza, Vice-Rei do Estado do Brasil
NOTA BIOGRÁFICA SOBRE ALVARENGA PEIXOTO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Informação adicional
Peso | 0,950 kg |
---|---|
Dimensões | 18 × 27 × 1,7 cm |
Edição |
1ª edição |
Encadernação |
Capa dura |
ISBN |
978-65-5580-022-7 |
Páginas |
240 |
Ano |
2021 |
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Autores

Alvarenga Peixoto (1744-1793) Inácio José de Alvarenga Peixoto nasceu no Rio de Janeiro em 1744. Inicialmente estudou Humanidades no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro e, mais tarde, se doutorou em Leis pela Universidade de Coimbra em 1767. No Brasil, exerceu a função de ouvidor no Rio das Mortes, onde conheceu Bárbara Heliodora, com quem se casou. Frequentou Outro Preto e, como proprietário de lavras no sul de Minas, descontentou-se com a "derrama", por isso teria participado da Inconfidência. Criou o lema de Virgílio: Libertas quae sera tamen para a nova república. Foi preso, julgado e desterrado, vindo a morrer de desgosto no presídio, em 1793. A pequena produção poética de Alvarenga Peixoto é irregular. Atreladas às intenções do Arcadismo, apresenta traços espalhados de forte nativismo sentimental que, muitas vezes, se mescla com o poder luso, ou seja, concilia desenvolvimento com respeito a um governo forte, déspota. O tema do herói pacífico atinge sua perfeita expressão na Ode dedicada ao Marquês de Pombal. Nesta lira laudatória, as contraposições têm, como pano de fundo, o cenário mítico arcádico. Sua obra principal é Obras Poéticas (1865).

Caio Cesar Esteves de Souza concluiu seus estudos de graduação e pós-graduação em Literatura Brasileira na FFLCH-USP. Atualmente, desenvolve pesquisa de doutorado no departamento de Línguas e Literaturas Românicas da Universidade de Harvard. É especialista nas letras coloniais luso-brasileiras do século XVIII.
Márcia Bassetto Paes –
Pesquisa imprescindível sobre a obra poética de Alvarenga Peixoto. Caio Cesar dá um tratamento filológico aos manuscritos e impressos de todas as versões encontradas. Percorre todas as edições e, ainda, resgata poemas perdidos do poeta mineiro.