Cientista prolífico, Aziz Ab’Sáber tem dado importantes contribuições para áreas como geografia, ecologia, biologia evolutiva, geologia e arqueologia. Mas suas atividades ligadas à formação das novas gerações não têm menos importância, como atestam as décadas que passou como professor – do ensino básico à universidade – e os muitos livros de divulgação científica que escreveu.
Seu mais recente trabalho de divulgação é a série Leituras Indispensáveis, uma antologia de textos de ciências humanas que Ab’Sáber considera fundamentais para a formação dos jovens cidadãos comprometidos com a democracia e a cidadania. Os textos abordam temas bastante variados, discutidos a partir de múltiplos pontos de vista.
Lançado em 2008, o primeiro volume da série reúne textos de Mário de Andrade, Milton Sabbag Jr., Garret Eckbo, Raimundo Morais, Washington Novaes e Ivo Stoniolo.
O segundo volume da coleção, que acaba de sair, traz treze textos. Alguns deles são inéditos e muitos de difícil acesso, por terem sido publicados originalmente em jornais ou em livros há muito esgotados.
O economista alemão Manfred Nitsch fala sobre o futuro da Amazônia; o sociólogo Francisco de Oliveira recorda sua trajetória e aponta os atuais desafios da disciplina; em entrevista, o economista Wilson Cano fala sobre os ciclos da borracha e do café em 1900; o sociólogo José de Souza Martins discute a complexidade étnica brasileira; outro sociólogo, Mauro Leonel, aborda o uso do solo amazônico pelos indígenas; Aziz Ab’Sáber homenageia o geógrafo francês Roger Bastide, um de seus mestres; o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio discorre sobre a fome na África; o jornalista Washington Novaes discute a mudança climática; a folclorista Cidoca da Silva Velho apresenta a história de São Luiz do Paraitinga e os geógrafos franceses André Cailleux e Jean Tricart estudam as oscilações climáticas do quaternário no Brasil.
Além destes especialistas, Ab’Sáber incluiu textos de alguns escritores: Jamil Almansur Haddad traça um perfil do Marechal Cândido Rondon; Monteiro Lobato defende a literatura infantil como instrumento pedagógico e Euclides da Cunha, em um relato comovente, conta o ritual da malhação do Judas na Amazônia. Essa obra é indicada não só para estudantes, como também para políticos, empresários e formadores de opinião.
(por Alexandre Fernandez)