O mito de Édipo encontra sua mais célebre realização na tragédia Édipo Rei, ou Édipo em Tebas, de Sófocles, que a Ateliê Editorial, em parceria com a editora Mnema, oferece ao público leitor na tradução poética de Jaa Torrano em primorosa edição bilíngue. São notáveis a musicalidade e o jogo de imagens que a tradução preserva ao transpor para o português as virtudes estilísticas do texto grego. Acompanham a tradução os esclarecedores estudos de Jaa Torrano e de Beatriz de Paoli, além de um oportuno glossário de teônimos, antropônimos e topônimos.
A obra acompanha um texto em que Jaa Torrano explica o enredo da peça: “No primeiro episódio, a primeira cena se abre com a proclamação do decreto real consequente do recém-recebido oráculo de Delfos. O rei conclama que o matador de Laio se apresente por si mesmo ou seja denunciado por outrem, pois sua única pena será partir incólume de Tebas para o exílio, e quem o denunciar terá a gratidão e prêmio do rei. Mas, caso não se descubra nem se apresente para ser banido, o rei proíbe todos os tebanos de terem todo e qualquer contato com ele”. Assim como um artigo de Beatriz de Paoli sobre os oráculos presentes no texto clássico: “Se, no oráculo entregue a Creonte, o Deus diz o quê – expulsar ou matar o assassino de Laio – mas não diz quem, algo semelhante ocorre com o oráculo entregue a Édipo, relatado por ele a Jocasta e ao Coro no segundo episódio. Inquieto com a acusação de que não seria filho legítimo dos reis de Corinto, Édipo parte a Delfos, onde recebe do Deus o terrível oráculo de que mataria seu pai e desposaria sua mãe, com quem geraria ímpia prole”.