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‘Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá’, de Lima Barreto

Conheça a Coleção Clássicos Ateliê, o diferencial destas edições é a possiblidade de conferir notas, organizações, ilustrações e apresentações de professores e artistas estudiosos da área literária, como Emilia Amaral, Paulo Franchetti, Leila Guenther, Antônio Medina Rodrigues, Jean Pierre Chauvin, José de Paula Ramos Jr., José E. Major Neto, Ivan Teixeira, entre outros.

A Coleção Clássicos Ateliê publica esta nova edição do romance Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá, de Lima Barreto, com texto fidedigno, depurado e estabelecido com o rigor exigido pela metodologia da crítica textual. Um minucioso e lúcido estudo sobre o romance, exclusivo desta edição, é assinado por Marcos Scheffel. Mestre em literatura brasileira, doutor em teoria da literatura, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista na obra de Lima Barreto, Marcos Scheffel, além da leitura analítica e interpretativa de seu ensaio de apresentação da obra, esclarece e comenta aspectos do texto, com proficiência e pertinência, por meio de cerca de quatrocentas notas explicativas.

Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922), mais conhecido como Lima Barreto, foi jornalista, escrevendo também para alguns periódicos anarquistas do início do século XX, e um dos mais importantes escritores brasileiros. O seu pai foi tipógrafo. Aprendeu a profissão no Imperial Instituto Artístico, que imprimia o periódico A Semana Ilustrada. A sua mãe foi professora e faleceu quando ele tinha apenas 6 anos. O viúvo João Henriques trabalhou muito para sustentar os quatro filhos do casal. João Henriques era monarquista, ligado ao Visconde de Ouro Preto, padrinho do futuro escritor. Talvez as lembranças saudosistas do fim do período imperial no Brasil, bem como as remotas lembranças da Abolição da Escravatura na infância tenham vindo a exercer influência sobre a visão de mundo do autor. Lima Barreto foi o crítico mais agudo da época da República Velha no Brasil, rompendo com o nacionalismo ufanista e expondo as mazelas da República. Em sua obra, de temática social, privilegiou os pobres, os boêmios e os arruinados. Foi severamente criticado por escritores contemporâneos por seu estilo despojado e coloquial, que acabou influenciando os escritores modernistas. Fiel ao modelo do romance realista, resgatando as tradições cômicas, carnavalescas e picarescas da cultura popular, queria que a sua literatura fosse militante. Escrever tinha finalidade de criticar o mundo circundante para despertar alternativas renovadoras dos costumes e de práticas que, na sociedade, privilegiavam pessoas e grupos.

Marcos Scheffel é professor da Faculdade de Educação da UFRJ, onde ministra as disciplinas de Didática e Prática de Ensino de Português e suas literaturas. Entre 2008 e 2013, foi professor do Curso de Letras da Universidade Federal do Amazonas, Campus de Humaitá, onde ministrou as disciplinas de Literatura Brasileira e Teoria da Literatura. Suas pesquisas de mestrado e doutorado foram sobre a obra de Lima Barreto. Nessa fase, procurou estabelecer as relações entre a escrita do diário e as crônicas do autor com seu projeto literário-ficcional. Do contato com a produção literária do início do século XX, expandiu sua área de interesse para os cronistas brasileiros da virada do século XIX e início do século XX. Nesses últimos trabalhos, procurou entender o estabelecimento da crônica e as relações do gênero com as representações da modernidade tanto no plano literário como social. Na condição de professor de Didática de Português e Literaturas, procurou refletir a respeito do ensino de literatura em uma sociedade pós-literária e marcada pela forte presença de novas gestualidades de leitura.

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