Até a Margem do Grande Rio, de Edu Campos
Bruno Zeni | Guia da Folha – Livros, Discos e Filmes
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A paisagem é desidealizada, feita de mato, pasto, rios de margens ocupadas, urbanidade comercial e selvagem. Os pesonagens são homens rústicos e desconfiados, mulheres que já não se adequam nem se conformam com o papel tradicional, índios adulterados ou acuados, vira-latas, bois, animais selvagens e ameaçadores.
A beleza profunda dos textos está no procedimento instável, no impulso investigativo e tateante promovido pelo narrador, adestrando a incapacidade do sentido último, a fragilidade dos laços sociais, as ambiguidades do convívio e da violência, a fantasmagoria nostálgica de uma natureza bucólica que não tem lugar –e talvez nunca tenha tido conquista do interior de São Paulo.
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