Ninguém deve ter dúvidas de que entranhar-se no Inferno, atravessar o Purgatório e ascender ao Paraíso já seria currículo bastante para gravar qualquer um na história, seja quem for. Mas relatar essa excursão através de uma poética soberbamente estruturada, inovadora e universal é que fez do florentino Dante Alighieri (1265-1321) imortal. Já se passaram 700 anos de sua partida deste mundo – para qual lugar da trilogia, quem sabe? – e o fascínio de suas letras parece perpétuo.
A publicação de O Meu Dante é mais um episódio dessa perenidade. O livro organizado pela professora Maria Cecilia Casini, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, reúne uma série de depoimentos, em geral de caráter pessoal, elaborados por professores e pesquisadores que se dedicaram ao estudo do poeta florentino ou, de alguma forma, receberam o impacto de sua obra. O livro será lançado pela Ateliê Editorial neste sábado, dia 17, às 14 horas, no Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro, em São Paulo.
Trata-se, contudo, de dois livros contidos em um único tomo. A primeira parte da publicação traz a íntegra de O Meu Dante original, lançado em 1965 por ocasião dos 700 anos de nascimento do poeta e jamais reeditado. Iniciativa de Edoardo Bizzarri (1910-1975), adido cultural do Consulado Geral da Itália em São Paulo e diretor do Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro (Icib), que convidou a intelectualidade brasileira para uma série de “reuniões não acadêmicas”, depois transformadas em livro. Haroldo de Campos, Otto Maria Carpeaux, Henriqueta Lisboa, Miguel Reale, Homero Silveira e Cândido Mota Filho são alguns dos nomes que participaram do projeto.