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Notícia: Dante, há 700 anos entre o Céu e o Inferno, por Marcello Rollemberg

Dante Alighieri sonhou o paraíso e o inferno. Purgou suas dores, remorsos e traições. E nas duas décadas em que pensava em sua Florença natal — da qual havia sido expulso para nunca mais voltar –, Dante se dedicou a escrever um livro. Um livro? Não: o livro definitivo da poesia e da literatura medieval, sua obra maior e uma das mais monumentais obras das artes de todos os tempos. Dante não escreveu apenas a Divina Comédia: ao fazê-lo em dialeto toscano, em lugar do tradicionalíssimo e culto latim, ele também estava inventando a língua italiana. E, por tabela, toda uma cultura universal. Dante sonhou com o paraíso, com o céu. Então, nada mais justo que sua obra suprema vá para o espaço. Literalmente. As 14.200 linhas e as cerca de 32 mil palavras que compõem os cem cantos de Divina Comédia serão transportadas ao céu, o mesmo céu que “corre mais rapidamente” como afirma a epígrafe que abre esse texto. O céu de Dante Alighieri, que vai se descortinar para uma nave russa Soyuz levando ao éter uma cópia da obra do poeta de Florença microinscrita em folhas de uma liga de titânio e ouro. E lá ficará flutuando por toda a eternidade, ao preço de 150 mil euros. A eternidade que uniu Dante e Beatriz, mas que a realidade negou. 

(Jornal da USP, 24 de setembro de 2021)

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