Com a Palavra

Com a Palavra n.35: autor aponta importância de Aldo Manúzio na arte do livro

A coleção Inventores de Livros pretende resgatar a vida e obra dos pioneiros da tipografia e da impressão, uma parceria Ateliê Editorial e Editora Mnema, sob a coordenação de Plinio Martins Filho e com edição, notas e projeto gráfico de Gustavo Piqueira.

O primeiro volume O Inventor de Livros: Aldo Manuzio, Veneza e seu Tempo traz a vida e obra do tipógrafo italiano que, além de estabelecer inúmeros procedimentos tipográficos que servem de modelo até nossos dias, desenvolvendo como poucos a arte da impressão de livros, foi também o primeiro a exercer o papel de editor como conhecemos hoje.

Dono de prodigiosa erudição e detentor de notável capacidade de criar e manter relacionamentos com as mais proeminentes figuras da cultura de seu tempo, Aldo tem lugar de destaque no panteão dos restauradores da cultura clássica pelo seu trabalho de edição de obras completas dos grandes autores gregos e latinos.

A imprensa aldina foi responsável pela segunda fase do Renascimento: aquela que viu a popularização do resgate dos valores estéticos, morais e conceituais da Antiguidade greco-romana.

Neste número, os assinantes leram antecipadamente um trecho do capítulo A Fortuna de Aldo, em que Alessandro Marzo Magno aponta a importância dos futuros livros de bolso criados pelo renomado editor.

A FORTUNA DE ALDO por Alessandro Marzo Magno

As edições aldinas já se haviam tornado objeto do desejo quando Aldo ainda estava vivo e continuarão a sê-lo por um bom tempo mesmo depois. As relações que Manuzio tece com toda a Europa, da Grã-Bretanha à Polônia, da Hungria a Portugal, da França a Flandres, contribuem para construir um mito quando ele ainda está vivo e fazem com que as obras dos clássicos por ele editadas encontrem imediata fortuna não só junto a um público de intelectuais e humanistas importantes, mas também no cortejo dos estudiosos e colecionadores menos conhecidos. As edições aldinas chegam a ser lembradas nos testamentos, como quando o grão-chanceler Andrea Franceschi (chefe de toda a burocracia da República) deixa ao seu amigo Giovanni Battista Egnazio, em 1535, “o meu Homero grego todo encadernado em damasquina dourada”.

Na carta de 10 de dezembro de 1513, a Francesco Vettori, Nicolau Maquiavel fala de duas formas de leitura, uma das quais se faz em livros de bolso desprovidos de comentário, destinados a um fim diverso do estudo. O secretário florentino demonstra haver aprendido a lição da leitura por prazer, afirmando ter consigo Dante, Petrarca, Tibulo, Ovídio: “Leio suas amorosas paixões”, que lhe recordam as suas, e “comprazo-me nesse pensamento, por longo tempo”.

Vimos Isabella d’Este Gonzaga, Marquesa de Mântua, estocarem Veneza (e aumentar o preço); o já citado secretário do rei húngaro, Sigismund Thurzò, escreve a Aldo, numa carta de 1501: “Teus livros, tão manuseáveis a ponto de podermos usá-los caminhando e, por assim dizer, recitando à maneira de um cortesão quando se apresenta a oportunidade, tornaram-se para mim um prazer especial”; também Ian Lubranski, viúvo de Poznáne conselheiro do rei da Polônia, é um adquirente habitual de aldinas.

Giorgione – já o recordamos – no Retrato de um Homem com Livro Verde a ele atribuído, imortaliza um livro de bolso aldino, mas, também, em outros quadros da época descortinam se livros pequenos, a ponto de fazer pensar que possuí-los tinha se tornado moda. No célebre retrato pintado por Bernardino Loschi, em 1512, o Príncipe Alberto II Pio traz na mão, aberta na direção de quem observa, a Eneida de Virgílio em formato pequeno; por um confronto com o Virgílio aldino de 1501, contudo, parece, no entanto, mais provável que se trata de um manuscrito e não da edição aldina. Há seguramente, porém, um enquirídio na mão direita, com o dedo indicador entre as páginas fazendo um sinal, o cavalheiro (talvez Jacopo Sannazaro) que Ticiano retrata em 1514; segura entre as mãos um livro fechado por uma fita, a jovem que Palma, o Velho, imortaliza em 1520; um livrinho na esquerda está também com Laura da Pola, a rica dama bresciana que Lorenzo Lotto retrata vinte anos depois; e um Petrarca é o pequeno volume que o homem pintado por Parmigianino, em 1526, tem nas mãos como polegar entre as páginas.

Sempre nos anos vinte do Quinhentos, Francisco I da França faz redigir a lista das aquisições da Biblioteca Real: entre os impressos gregos que se julga necessário possuir, cerca de trinta são edições aldinas, dezesseis das quais publicadas por Aldo, o Velho. Seu embaixador em Veneza, Guillaume Pellicier, estreita relações com Gian Francesco Torresani e Paolo Manuzio, do qual sublinha a vizinhança ideal com a França. Este último lhe dedica, em 1540, a primeira edição das Cartas a Ático de Cícero.

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