Com a Palavra

Com a Palavra n.36: autores e seus menores contos

O mais conhecido menor conto do mundo foi escrito pelo hondurenho Augusto Monterosso: “Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá”.

De vasta interpretação, este relato breve, com apenas sete palavras e trinta e sete letras, publicado em 1956, pode ser apontado como a angústia de ainda vivermos estagnados no tempo, onde o conservadorismo contra-ataca um mundo em ebulição para mudanças. O dinossauro realça a figura do antigo, ultrapassado. E, ao acordar, o protagonista com a esperança de abrir a janela e almejar a mudança, nota que ainda está em um mundo obsoleto.

O escritor brasileiro Marcelino Freire, inspirado nesse mais famoso microconto do mundo, de Augusto Monterroso, resolveu desafiar cem escritores brasileiros, deste século, a enviarem histórias inéditas de até cinquenta letras (sem contar título, pontuação). Eles toparam. (CLIQUE AQUI).

Fazem parte da obra os autores Andrea Del Fuego, Manoel de Barros, Dalton Trevisan, Lygia Fagundes Telles, Raimundo Carrero, Sérgio Sant’Anna, Moacyr Scliar, Millôr Fernandes, Rodrigo Lacerda, entre outros.

O organizador destacou: “Se ‘conto vence por nocaute’, como dizia Cortázar, então toma lá”. E pode ter certeza que o leitor ficará nas cordas após fechar o livro.

Neste número, os assinantes leram com exclusividade cinco microcontos presentes na obra, que já está em sua sexta edição.

CONFISSÃO

– Fui me confessar ao mar.

– O que ele disse?

– Nada.

(Lygia Fagundes Telles)

***

ARRUDA

– Se for o Capeta,

diz que eu tô no banho.

(Andrea Del Fuego)

***

AMOR

Maria,

quero caber todo

em você.

(Manoel de Barros)

***

DISQUE-DENÚNCIA

– Cabeça?

– É.

– De quem?

– Não sei. O dono não tá junto.

(Marçal Aquino)

***

– Lá no caixão…

– Sim, paizinho.

– …não deixe essa aí me beijar.

(Dalton Trevisan)

situs slot gacor

kampungbet

situs slot

Deixe um comentário