Notícias, Uncategorized

Pela Ateliê Editorial, acadêmico e ator David José Lessa Mattos lança quatro obras sobre TV e Teatro

Tentei reconstruir historicamente esse período, que vai do início do século até o final da década de 1950. Preocupo-me com as gerações mais novas, impossibilitados de compreender o que se passava no país, como se desenvolveram histórica e culturalmente o rádio e a televisão em virtude de certos acontecimentos políticos. Como, o período em que durou a ditadura militar, por exemplo

– David José Lessa Mattos

 

Como foram as primeiras produções televisivas no país? Os espaços-físicos? As técnicas de filmagem? Os programas exibidos? Os segmentos dos radioteatros e das radionovelas? Os consagrados diretores, atores, radialistas daquela época? A televisão brasileira produziu obras que até hoje compõem o imaginário coletivo. Foram programas de diversas qualidades na dramaturgia, documental e jornalística. Esse vasto material cultural pode ser acompanhado nas obras recém-lançadas pela Ateliê Editorial e escritas pelo acadêmico e ator David José Lessa Mattos: A TV Antes do VT: Teleteatro Ao Vivo na Tupi de São Paulo; O Espetáculo da Cultura: Teatro e TV em São Paulo; além dos dois volumes Pioneiros do Rádio e da TV no Brasil. Os livros estão em promoção no site da Ateliê Editorial (acesse aqui).

Nos títulos, o leitor se debruçará pelas famosas histórias da TV Tupi, pelos primeiros programas televisivos, como As Aventuras do Capitão Estrela, Fuzarca e Torresmo, O Falcão Negro e Almoço com as Estrelas. Mas não para só na telinha, Lessa Mattos também faz um recorte dos processos culturais paulistas fora da televisão, como o surgimento dos grupos amadores de teatro, os espetáculos apresentados nos palcos e nos rádios. Além disso, a lente do autor foca em depoimentos marcantes de quem construiu a identidade artística no país, como Boni, Lima Duarte, Walter Avancini, Dias Gomes, Tatiana Belinky, Blota Junior e muitos outros.

Os quatro livros marcam uma aula histórica, conceitual e metodológica do surgimento da televisão e do teatro no Brasil. Um documento essencial da cultura trazida pela Ateliê Editorial aos leitores que estudam e trabalham na Comunicação, Cultura e Televisão, mas, também, um pedaço da memória nacional para maratonar, sem desligar ou mudar de canal.

DAVID JOSÉ LESSA MATTOS

David José Lessa Mattos, cuja carreira artística e acadêmica é destaque do projeto, começou como ator aos 12 anos, em 1954, no Teatro Escola de São Paulo. Participou de importantes produções na TV Tupi-Difusora de São Paulo, como: As Aventuras de Tom Sawyer e O Sítio do Picapau Amarelo, no qual foi um dos primeiros atores a interpretar o personagem Pedrinho. Trabalhou com grandes nomes do teatro e do cinema brasileiros, como Lima Duarte e Augusto Boal, e atuou em peças icônicas como Arena Conta Zumbi e Arena Conta Tiradentes.

Foi pelas mãos de Lima Duarte que David José foi parar no Teatro de Arena em 1964, e lá trabalhou na companhia dirigida por Augusto Boal. Fez peças do repertório do teatro mundial, como Tartufo, de Molière, seu primeiro papel, vivendo Damis, e os espetáculos realizados pela companhia: Arena Conta Zumbi, de 1965/66, e Arena Conta Tiradentes, de 1967, ambas de autoria de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, nesta última dando vida ao personagem histórico de Tiradentes.

Fora do Teatro de Arena, atuou na peça É, de Millôr Fernandes, de 1979, ao lado de Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Ester Góes, dando vida ao professor Oto, com direção de Paulo José. Também foi ator de novelas nas décadas de 1970 e 1980.

David José trabalhou ainda com importantes cineastas brasileiros, como João Batista de Andrade, em Doramundo, de 1978, premiado como melhor filme do ano no Festival de Gramado, no qual foi também um dos co-roteiristas, Joaquim Pedro de Andrade, no último filme dirigido por ele, O Homem do Pau Brasil, de 1981, e Roberto Santos, com quem mais colaborou. Foram três filmes: dois longas: Os Amantes da Chuva, de 1979, e Nasce Uma Mulher, de 1983, e um dos quatro episódios de Contos Eróticos, o Arroz e Feijão, de 1977.

CARREIRA ACADÊMICA

Após encerrar sua carreira artística em 1984, David José voltou à academia, tornando-se professor e pesquisador no Instituto de Artes da Unicamp, dando continuidade a uma trajetória iniciada depois da graduação, quando estudou na Universidade de Paris-VIII, em Vincennes, nos anos de 1969 e 1970, e na Universidade de Paris-X, em Nanterre, em 1973, na qual defendeu mestrado em Sociologia da Cultura, orientado pela professora Annie Goldmann.

No ano de 2002, concluiu seu doutorado em História Social pela USP, sob orientação do professor Carlos Guilherme Mota, com uma tese que resultou no livro O Espetáculo da Cultura: Teatro e TV em São Paulo – 1940-1950, relançado pela Ateliê Editorial.

Na época do lançamento de sua tese em livro, em 2002, David José comentou a obra: “tentei reconstruir historicamente esse período, que vai do início do século até o final da década de 1950. Preocupo-me com as gerações mais novas, impossibilitados de compreender o que se passava no país, como se desenvolveram histórica e culturalmente o rádio e a televisão em virtude de certos acontecimentos políticos. Como, o período em que durou a ditadura militar, por exemplo”

OBRAS PUBLICADAS PELA ATELIÊ EDITORIAL

“A televisão e a produção ficcional televisiva, em nosso país, sempre foram extremamente sofisticadas e absorveram, continuamente, os melhores quadros do nosso ambiente cinematográfico e teatral. Nada pode negar, entretanto, o fato de que a televisão brasileira produziu não apenas obras que compõem nosso imaginário coletivo de maneira indelével, mas que tiveram também grande qualidade dramatúrgica, documental e jornalística”, afirmou Juca Ferreira no texto de apresentação A contribuição milionária de todos os erros, presente em A TV Antes do VT: Teleteatro ao Vivo na TV Tupi de São Paulo (1950-1960). No livro, Lessa Mattos analisa o início da televisão, principalmente pela TV Tupi-Difusora, passando por diversos programas – Teatro de Romance, Seriados de Humor, O Príncipe e o Plebeu, Grandes Atrações Pirani, Os Melhores da Semana, Almoço com as Estrelas, Edição Extra, entre outros. Destacam-se os capítulos Origens do teleteatro: história e personagens, Grande Teatro Tupi, TV de Vanguarda, TV de Comédia e O teatro-escola de Júlio Gouveia e Tatiana Belinky – como os Fábulas Animadas e Seriados, Sítio do Picapau Amarelo e Teatro da Juventude.


Em O Espetáculo da Cultura, livro de leitura extremamente fluente e acessível mesmo quando se considera que foi concebido originalmente como uma tese acadêmica, David José vai fundo na investigação das raízes da criação artística e da produção cultural em São Paulo, especialmente aquela voltada para o teatro e a televisão. O ponto de partida são dois eventos que o autor considera seminais: a inauguração do Teatro Brasileiro de Comédia, em 1948, e a da PRF-3 TV Tupi-Difusora, a pioneira das emissoras de televisão brasileiras, em 1950. Manipulando um volume impressionante de informações e relacionando-as entre si num processo de investigação e análise que chega a retroagir no tempo até o século XIX, o admirável trabalho de David José encanta pela competência e sensibilidade. Mas, sobretudo, cumpre com inegável êxito a tarefa de conduzir o leitor, de forma suave e gratificante, pelos caminhos que levam à perfeita compreensão de como e por que se produz hoje o espetáculo da cultura.

Pioneiros do Rádio e da TV no Brasil são fragmentos de uma história de mais de cinquenta anos, contada pelos principais artistas e profissionais que atuaram no rádio e na televisão brasileiros nas décadas de 1940, 1950 e 1960. Estas histórias entretêm, no seu formato de entrevista, e exercem o importante papel de colaborar para a preservação da memória da produção cultural do país. Este primeiro volume da série Pioneiros do Rádio e da TV no Brasil reúne alguns dos cerca de cem depoimentos de artistas e profissionais que atuaram nas emissoras de rádio nos anos 1940 e na televisão, nas décadas de 1950 e 1960, muitos deles tendo participado da inauguração em São Paulo, no dia 19 de setembro de 1950, da PRF-3 TV Tupi-Difusora, primeira emissora de televisão do país.

O leitor poderá ler depoimentos de Álvaro de Moya, César Monteclaro, Dias Gomes, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Boni), Lima Duarte, Marcos Rey e Walter Avancini

Pioneiros do Rádio e da TV no Brasil são fragmentos de uma história de mais de cinquenta anos, contada pelos principais artistas e profissionais que atuaram no rádio e na televisão brasileiros nas décadas de 1940, 1950 e 1960. Estas histórias entretêm, no seu formato de entrevista, e exercem o importante papel de colaborar para a preservação da memória da produção cultural do país. Este segundo volume da série Pioneiros do Rádio e da TV no Brasil reúne alguns dos cerca de cem depoimentos de artistas e profissionais que atuaram nas emissoras de rádio nos anos 1940 e na televisão, nas décadas de 1950 e 1960, muitos deles tendo participado da inauguração em São Paulo, no dia 19 de setembro de 1950, da PRF-3 TV Tupi-Difusora, primeira emissora de televisão do país.

O leitor poderá ler depoimentos de Abelardo Figueiredo, Antonino Seabra, Eneas Machado de Assis, José Blota Junior, Lia de Aguiar, Murilo Antunes Alves e Tatiana Belinky.

ATELIÊ EDITORIAL

A história da Ateliê Editorial começa em 1995, com o objetivo de discutir a importância do livro como objeto que, para além de bonito, seja um projeto estético que possa servir da melhor maneira às palavras do autor. Por isso, todos os detalhes são levados em conta: o melhor papel, projeto gráfico, belas ilustrações, imagens tratadas com delicadeza, textos preparados e revisados com atenção. O nome escolhido, Ateliê Editorial, reflete o cuidado e o capricho com que a casa realiza suas edições. O trabalho é artesanal, feito como em um ateliê de arte, priorizando o conceito do livro como um suporte material digno da boa literatura.

 

Deixe um comentário