Conheça a obra O Encanto de Narciso – Reflexões sobre a Fotografia, do professor e fotógrafo Boris Kossoy, publicada pela Ateliê Editorial. O livro é dividido em seis partes em que Kossoy raciocina a sua trajetória enquanto pensador e criador de imagens. Passando por temas fundamentais de seus estudos, como a história, memória, assim como a natureza própria e ilimitada da fotografia enquanto forma de expressão social e cultural.
Os leitores do Com a Palavra leram, com exclusividade, o capítulo A Fotografia: Um Meio de Expressão, que faz parte da obra:
A Fotografia: Um Meio de Expressão
por Boris Kossoy
A fotografia é um meio de expressão pelo qual é possível se obter, por meio da câmera fotográfica e materiais fotossensíveis, registros visuais das coisas do mundo tangível ou intangível. Mais precisamente: registros visuais da aparência de fragmentos selecionados de determinado assunto/ tema/objeto da realidade, externa à câmera. A imagem fotográfica passa a existir no mundo mediante um sistema de representação visual (que é inerente à construção mecânica e óptica do dispositivo) e é materializada e/ou tornada visível através de tecnologias físico-químicas e/ou eletrônicas. O operador da câmera, o fotógrafo, é quem seleciona o assunto, assim como conduz o processo de criação/construção da imagem, segundo seu domínio técnico, visão de mundo, bagagem cultural, postura ideológica, entre outros atributos.
A imagem fotográfica é um produto social e cultural; fornece sempre informações de diferentes naturezas acerca dos infindáveis assuntos que ocorrem na realidade concreta ou em motivos puramente abstratos ou ficcionais. Isso significa que são ilimitadas as possibilidades temáticas e que a criatividade só encontra limites na imaginação do fotógrafo, um filtro cultural.
Assim como a palavra é a expressão de uma ideia, de um pensamento, materializada pela linguagem verbal, a fotografia é, também, a expressão de um modo particular do seu autor interpretar o mundo tangível ou intangível.
A realidade do objeto não é a realidade da sua representação. Esta é criada a partir do objeto; não é, portanto, um duplo do objeto. A representação tem vida própria e duração perene. Veremos adiante como esta questão teórica é nuclear no que tange ao pensamento fotográfico.